Apresentação

Cartografia do Cinema no Recôncavo é um projeto de pesquisa, catalogação e difusão dos filmes gravados no Recôncavo da Bahia. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

O Recôncavo é a região em volta da Baía de Todos os Santos, assim denominada desde o século XVI, a sua definição e os municípios que a constituem variam de acordo com o tempo e o ponto de vista, seja histórico, econômico ou cultural. Dessa forma escolhemos a definição de Território de Identidade1, ligada à cultura, abrangendo assim 21 municípios, sendo eles: Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré das Farinhas, Salinas das Margaridas, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Félix, São Felipe, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Sapeaçu, Saubara e Varzedo.

A importância dessa catalogação é reunir esses filmes de diferentes origens, épocas, formatos e linguagens como a filmografia de um território. Contextualizar e localizar essas informações e imagens, que dizem respeito à uma região rica em tradições e manifestações culturais de grande importância para a Bahia e o Brasil. Essa filmografia permite olhar uma história do cinema vista do Recôncavo, assim como uma história do Recôncavo vista através do cinema.

Até o momento, foram catalogados mais de 130 filmes, produzidos desde 1923 até 1989. No entanto, muitos desses filmes provavelmente foram perdidos para sempre. Outros precisam ser restaurados para serem exibidos novamente, outros passaram por processos de restauração e digitalização, o que nos permite assistir hoje de forma facilitada.

Portanto, o projeto Cartografia do Cinema no Recôncavo visa dar início à uma recuperação e revalorização dessa filmografia, entendendo a sua importância para história e memória do Recôncavo e do cinema na Bahia.

LINHA DO TEMPO

1923 São gravadas as primeiras imagens em movimento no Recôncavo Baiano de que se tem notícia, “A Fábrica de Charutos Dannemann de São Félix”. O filme está perdido, e temos pouquíssimas informações além de seu título e ano. 

A ficha catalográfica no banco de dados da Cinemateca Brasileira indica que o filme foi gravado em São Félix – MT, porém acreditamos ser um erro de interpretação visto que a fábrica de charutos Dannemann é uma conhecida fábrica que tem sede em São Félix – BA. 

Pelo título, podemos imaginar que se trata de um filme de “cavação”, um filme feito sob encomenda por empresários, famílias ricas e governantes, neste caso, pela fábrica de charutos. Esse foi o modelo de produção da quase totalidade dos filmes gravados no Recôncavo até 1960. 

Cornélio Pires a bordo de uma canoa no Rio Paraguaçú.
Imagem do filme: Brasil Pitoresco: Viagens de Cornélio Pires (1925)

1925 O folclorista e escritor Cornélio Pires filma “Brasil Pitoresco: Viagens de Cornélio Pires”. O filme é um “travelogue”, um gênero comum nos primeiros tempos do cinema. No Recôncavo, o filme mostra a sua viagem pelo rio Paraguaçu, à bordo do barco à vapor “Cachoeira”, chegando até as cidades de Cachoeira e São Félix, onde ele visita uma fábrica de charutos e segue viagem passando por Feira de Santana e Santo Amaro.

1927 Gunther Plüschow, alemão que fazia viagem com destino à Terra do Fogo, passa pelo Recôncavo, e registra o seu trajeto em outro “travelogue”, não por acaso, parecido com o de Cornélio Pires. De barco, Plüschow passa por Barra do Paraguaçú e Maragogipe, onde visita as fábricas de charutos Suerdieck e Dannemann, e segue viagem para Feira de Santana.

1932 O presidente Getúlio Vargas assina o Decreto-Lei nº 21.240 que assegura a presença do “complemento nacional” nas salas de cinema, o que faz despontar a produção de filmes documentários de curta duração.

1935 – 1939 São gravados diversos filmes sonoros de produtoras como Sonofilmes, Meridional Filmes e Radial Filmes, cujos títulos remetem a uma relação de “cavação”, possivelmente com as prefeituras: “Cidade de Cachoeira”, “A Cidade de Maragogipe”, “Cidade de Nazaré”, “Inauguração da Luz Elétrica em Muritiba”, “São Félix”; assim como com as fábricas de charutos: “As Modernas Instalações da Fábrica de Charutos Suerdick e Cia” e “Fábricas de Charutos ‘Suerdieck’”. 

Nenhuma cópia desses filmes foi encontrada. Isso se deve, possivelmente, aos incêndios que ocorreram em acervos de produtoras como a Sonofilmes e Meridional Filmes. 

1936 É criado o INCE – Instituto Nacional do Cinema Educativo, com o intuito de produzir filmes voltados para o uso no ambiente da educação, fazendo parte do projeto de construção de uma identidade nacional.

1941 Perfura-se o primeiro poço de petróleo da região, na cidade de Candeias, ao lado de onde viria a ser construída a primeira refinaria de petróleo do país, a Refinaria de Mataripe, posteriormente Refinaria Landulfo Alves, na cidade de São Francisco do Conde. 

O cinejornal “Atualidades Tupi n 04”, da Tupi Filmes Brasileiros, registra, na cidade de Santo Antônio de Jesus, a inauguração do trecho do plano rodoviário do estado que liga a Bahia ao Espírito Santo. 

1948 É inaugurada a rodovia Mataripe-Candeias, parte das obras de construção da refinaria. A inauguração foi registrada no “Cine Jornal Informativo, V.1, n. 137”, da Agência Nacional.

Humberto Mauro lança “Castro Alves”, filme produzido pelo INCE, no qual o Recôncavo aparece em algumas cenas que remetem à infância do poeta. 

Igreja Nossa Senhora da Conceição em Castro Alves.
Imagem do filme de Humberto Mauro: Castro Alves (1948)

1950 É inaugurada a Refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde. O “Cine Jornal Informativo SN. 46”, da Agência Nacional, filma os trabalhos realizados na refinaria. 

1951 – 1959 Diversos filmes e cinejornais retratam o trabalho na refinaria e suas obras de ampliação, como “Petróleo – Sondas e Refinaria”, de Alceu Maynard Araújo (1951) e “Mataripe – Obras e Ampliação”, de Leão Rozemberg (1958), normalmente com uma visão nacional desenvolvimentista, como fica evidente no seguinte trecho do roteiro do cinejornal de 1959, “Notícias da Semana N59x15”, produzido pela Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil: “Petróleo, Ouro Negro que enquadrará o Brasil no concêrto das grandes potências econômicas. Aqui vemos a Refinaria de Mataripe, em pleno Recôncavo Baiano, afirmação inequívoca da realidade petrolífera do sub-solo brasileiro.”

1953 – 1955 Alexandre Robatto Filho, importante cineasta baiano, que por parte de mãe pertencia a uma família tradicional de Saubara, filma “Santo Amaro – Recôncavo Baiano” (1953), produzido pelo INCE, que registra a festa de Nossa Senhora da Purificação, e “Organizações Suerdieck – Lavoura, Comércio e Indústria” (1955), encomendado pelos donos da fábrica; além de “Caxixis”, sobre a feira de caxixis de Nazaré das Farinhas, filme sem datação encontrada. 

1960 É lançado o primeiro filme de ficção de que se tem notícias com cenas gravadas no Recôncavo, o longa-metragem “Bahia de Todos os Santos”, dirigido por Trigueirinho Neto.

Os atrores Lola Brah e Jurandir Pimentel em um veleiro próximo ao porto de Cachoeira.
Imagem do filme de Trigueirinho Neto: Bahia de Todos os Santos (1960)

1962 – 1963 É gravado “Mutirão em Novo Sol”, dirigido por Orlando Senna e Geraldo Sarno, filme que é parte do espetáculo teatral montado pelo CPC – Centro Popular de Cultura, “Rebelião em Novo Sol”, no qual os atores em palco interagiam com a projeção, que misturava ficção e documentário. Além do experimentalismo na forma, até o momento inexistente na filmografia do Recôncavo, o filme traz um forte  posicionamento político. 

Gravado provavelmente em São Francisco do Conde, em “poços de petróleo no Recôncavo”, o filme narra a luta de uma comunidade que “quer fazer reforma agrária e retomar posse das terras tomadas pela Petrobras”.

Em 1964, o filme foi destruído por um Tenente do regime militar na frente do cineasta Orlando Senna. 

1963 É gravado em Cachoeira e São Félix o longa de ficção “A Montanha dos Sete Ecos”, dirigido pelo diretor português Armando de Miranda. Um filme de época, que flerta com o gênero faroeste e contou com intensa participação da população, ficando marcado na memória dos que vivenciaram as gravações. No entanto, o filme foi censurado pelo regime militar e até onde sabemos nunca foi exibido nas cidades em que foi gravado. Existe uma cópia do filme sem condições de exibição na Cinemateca Brasileira. 

1964 Um golpe civil-militar depõe o presidente João Goulart e instaura uma ditadura no país. 

1966 Ney Negrão e Álvaro Perez gravam o filme “Cachoeira, Cidade do Recôncavo”. O filme traz uma linguagem poética sobre a cidade e sua história, o que pode ser visto nos versos que abrem o curta, falados em voz off : “Cachoeira que se encontra, marginal, recôncavo, ponte abraço, ponte império, Dom Pedro II, ausente democracia”.

1968 O cineasta baiano Guido Araújo grava “Maragogipinho”, filme realizado com os alunos do GEC – Grupo Experimental de Cinema, projeto de extensão da Universidade Federal da Bahia – UFBA, que documenta o processo de feitura da cerâmica de Maragogipinho e as relações de trabalho envolvidas. 

Neste filme, já podemos identificar o que viria a ser uma marca de muitos documentários realizados na década seguinte no Brasil. A busca por um tema “popular” e a vontade de “mostrar a realidade brasileira” levou diversos cineastas ao Nordeste do país para investigar as culturas e as tradições desta região, resultando num conjunto de filmes que funcionam como uma espécie de “verbetes enciclopédicos da cultura popular”, como Geraldo Sarno caracteriza alguns de seus filmes e que pode se estender para outras produções.

Além desse aspecto “enciclopédico”, é possível identificar em “Maragogipinho” a preocupação com a questão das relações de trabalho e de classe, outra marca presente em diversos filmes da década de 1970.   

Fachada das ruínas da fábrica de charutos Dannemann em São Félix.
Imagem do filme de Paulo Gil Soares: Erva Bruxa (1970)

1970 É lançado “Erva Bruxa”, dirigido por Paulo Gil Soares e produzido por Thomaz Farkas. O filme lança novamente o olhar sobre a presença do fumo e do charuto no Recôncavo da Bahia, porém com um olhar mais crítico e voltado para a questão cultural e as relações de trabalho. 

O filme faz parte do que ficou conhecido como “Caravana Farkas” ou “Ciclo Thomaz Farkas”, um conjunto de filmes produzidos por Farkas e voltados, segundo Alfredo Dias D’Almeida, “para a compreensão e o debate da realidade brasileira, por meio do registro das transformações que as manifestações de cultura popular estariam sofrendo devido à substituição de comportamentos e valores “tradicionais” por outros, “modernos”, fruto da urbanização e industrialização das cidades litorâneas.” Há também uma preocupação com a questão das relações de trabalho nestes contextos. 

1972 São realizados “Dança de Guerra”, de Jair Moura, sobre a capoeira na Bahia, com cenas em Nazaré das Farinhas, e “Feira da Banana”, dirigido por Guido Araújo e produzido por Thomaz Farkas, sobre a economia em torno da banana em Nazaré.

Robinson Roberto registra em super-8 a “Volta de Caetano Veloso do Exílio”, captando a presença de Caetano na Festa de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro.  

Imagem do livro: O Super – 8 na Bahia de Paulo Sá Vieira (1984)

1975 Em junho, acontece em Cachoeira a I Mostra do Filme Super – 8, realizada pelo Foto Cine Clube da Bahia e pela Galeria de Arte Amanda Costa Pinto (situada à rua 25 de Junho, 8, Cachoeira), com a colaboração da Coordenação Central de Extensão da UFBA, do Instituto Goethe e da Bahiatursa. 

Geraldo Sarno grava os filmes “Segunda-Feira” e “Espaço Sagrado”; o primeiro, sobre as feiras do Nordeste, filmado em Cachoeira, Feira de Santana e Caruaru (PE); o segundo, sobre o espaço de um terreiro de candomblé, gravado no Terreiro Ilê Axé Itaylê, de Mãe Filinha, em Cachoeira, com intensa colaboração da comunidade do terreiro, como a de Arnol Conceição, fotógrafo sanfelista que assina a iluminação.  

Agnaldo “Siri” Azevedo filma “As Phylarmônicas”, documentário sobre as filarmônicas do interior da Bahia, filmados nas cidades do Recôncavo: Cachoeira, Nazaré das Farinhas e Maragogipe, além de Salvador, Irará e Cairu. Siri é o primeiro diretor negro a dirigir um filme no Recôncavo. 

1976 Manoel da Silva Lobo, português, que morava em Cachoeira e fazia parte do GRUBACIN (Grupo Baiano de Cinema), grava em Super-8, o filme “Cachoeira, Cidade Heróica”. O filme não foi localizado.  

1976 – 1977 São realizados a primeira e segunda edições do Festival de Inverno de Cachoeira promovido pela Prefeitura de Cachoeira, sob orientação de Noelice Costa Pinto, com espaço aberto para o cinema Super 8, como parte das atividades do Foto Cine Clube da Bahia. Em 1976, Manoel da Silva Lobo ganhou o Prêmio Walter da Silveira com o filme super-8 “Palafitas”. 

1978 É realizada em Cachoeira, nos dias 28, 29 e 30 de agosto, com atividades no Colégio Estadual da Cachoeira, a VII Jornada Nordestina de Cineclubes, organizada pela Federação Nordestina de Cineclubes, com a coordenação do Clube de Cinema de Cachoeira e colaboração da Associação Baiana de Cinema. Conforme nota no Jornal IC nº 792 03/09/1978 “Discutiu-se a prática cineclubista, o combate à censura, o atentado ao jornal “Em Tempo” e a edição de uma revista dos cineclubes nordestinos. Cine – Debate.(…)”

Iniciam-se as obras da Barragem Pedra do Cavalo enorme construção localizada no rio Paraguaçu, no município de Governador Mangabeira, próximo às cidades de Cachoeira e São Félix. Além do abastecimento de água de Salvador e Região Metropolitana, a barragem tinha o intuito de acabar com as enchentes que eram recorrentes nas cidades de Cachoeira e São Félix.

Filarmônica em procissão à Nossa Senhora da Vitória, em São Roque do Paraguaçu, distrito de Maragogipe.
Imagem do filme de Estevão de Luna Freire: São Roque do Paraguaçu

1978 – 1982 Nesses anos, Estevão de Luna Freire, engenheiro carioca, morou em São Roque do Paraguaçu, distrito de Maragogipe, trabalhando na construção de plataformas petrolíferas. Durante o período, gravou uma série de filmes em Super-8; muitos registros caseiros, mas também filmes sobre o trabalho no canteiro de obras, encomendados pela empresa em que trabalhava, além de um documentário sobre a cerâmica de Maragogipinho, “Cerâmica do Recôncavo”, e outro sobre aleitamento materno, “Amamentar é Amar”, feito em parceria com sua esposa, Maria Martha de Luna Freire. Este último é o primeiro filme sobre um tema que não trata de uma questão específica do Recôncavo encontrado nesta pesquisa. 

1980 Arnol Conceição, fotógrafo sanfelista, dirige o seu primeiro filme, “Massapê”.

1983 Fernando Coni Campos, diretor que nasceu em Conceição do Almeida, passou a infância em Castro Alves e desenvolveu sua obra no Rio de Janeiro, grava o seu último filme, o longa-metragem de ficção “O Mágico e o Delegado”, que foi gravado inteiramente nas “cidades da minha infância”, Cachoeira e Castro Alves.

1983 – 1984 Foram realizadas, em Cachoeira, a 12ª e 13ª edições da Jornada de Cinema da Bahia, festival organizado por Guido Araújo, com atividades na Prefeitura de Cachoeira, Museu do SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e exibições no Cine Astro  – nome, na época, do Cine Theatro Cachoeirano -, que estava fechado há bastante tempo. 

O interior do Cine Astro, em Cachoeira, (atual Cine Theatro Cachoeirano) em cena do filme O Mágico e o Delegado (1983).

Sobre a segunda edição, Guido Araújo destaca: “A sessão mais marcante e concorrida no Cine Astor*, aconteceu na noite seguinte, por ocasião da abertura da Mostra Cachoeirana, com o filme de Fernando Coni Campos, ‘O Mágico e o Delegado’, quase todo rodado em Cachoeira, inclusive nos espaços do Cine Astor, depois que conseguimos restaurá-lo para a jornada anterior.”  

*Cine Astor, como está escrito na citação, se refere ao Cine Astro, nome da época do Cine Glória, atual Cine Theatro Cachoeirano.

1985 Inaugura-se a Barragem Pedra do Cavalo.

1985 – 1986 Nelson Pereira dos Santos grava em Cachoeira “Jubiabá”, uma adaptação do livro homônimo de Jorge Amado. Segundo Maria Angela Pavan e Dennis de Oliveira “Devido a demora da Embrafilme em assinar o contrato, as filmagens só tiveram início em de dezembro. Este fato, trouxe transtornos para a produção do filme que deveria ser iniciado em setembro. Dezembro é verão, muita agitação em Salvador, tanto que Nelson Pereira dos Santos resolve parar as filmagens e no final de dezembro muda toda a equipe para Cachoeira, cidade tranqüila à uma hora de Salvador.” 

1988 Ezequiel Vasconcelos, com sua empresa Elson Video, realiza gravações em vídeo, de eventos, cerimônias e festas na cidade de São Félix, tais como a Festa do Senhor São Félix, Lavagem de São Félix e a Reinauguração da Fábrica de Charutos Dannemann. Muitas destas filmagens contam com o patrocínio da Prefeitura de São Félix.

1989 Acontece a última e pior enchente no Rio Paraguaçu, afetando as cidades de Cachoeira e São Félix, mesmo depois da construção da barragem Pedra do Cavalo. A tragédia é registrada em vídeo por Ezequiel Vasconcelos.