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MUTIRÃO EM NOVO SOL
ORLANDO SENNA E GERALDO SARNO, 1962
OUTRAS REMETÊNCIAS DE TÍTULOS: REBELIÃO EM NOVO SOL
METRAGEM: CURTA SOM: SONORO CATEGORIA: NÃO FICÇÃO
MINUTAGEM: 30MIN MATERIAL ORIGINAL: 16MM COR: PEB
ORIGEM DA PRODUÇÃO: SALVADOR – BA PAÍS: BRASIL ANO: 1962
LOCAÇÃO: SÃO FRANCISCO DO CONDE – BA
SINOPSE: COMUNIDADE DO RECÔNCAVO BAIANO, COM AJUDA DO LÍDER COMUNITÁRIO MILITÃO, QUER FAZER REFORMA AGRÁRIA E RETOMAR POSSE DE TERRAS TOMADAS PELA PETROBRAS. EM CENAS FICCIONAIS, POPULAÇÃO FAMINTA INVADE UMA MERCEARIA EM BUSCA DE COMIDA. FILME DE ABERTURA DA PEÇA “MUTIRÃO EM NOVO SOL”, MONTAGEM COLETIVA DO CENTRO POPULAR DE CULTURA DA BAHIA, EM 1962.
COMPANHIA(S) PRODUTORA(S): CPC – CENTRO POPULAR DE CULTURA DA BAHIA
ROTEIRO: ORLANDO SENNA
ESTÓRIA: INSPIRADA EM MUTIRÃO EM NOVO SOL, PEÇA TEATRAL DE NELSON XAVIER.
DIREÇÃO: GERALDO SARNO; ORLANDO SENNA
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: WALDEMAR LIMA
IDENTIDADES/ELENCO: MILITÃO
OBSERVAÇÕES: FILME PERDIDO
PROVAVELMENTE GRAVADO EM SÃO FRANCISCO DO CONDE “POÇOS DE PETRÓLEO NO RECÔNCAVO” (GERALDO SARNO – ENTREVISTA AO CPDOC) ACESSAR
“EM FINS DE 1963 O CPC PRODUZ O ESPETÁCULO REBELIÃO EM NOVO SOL, UMA MONTAGEM MULTIMÍDIA, DIRIGIDA PELO CHICO DE ASSIS, DO TEXTO DE AUGUSTO BOAL MUTIRÃO EM NOVO SOL. NÃO EXISTIA A PALAVRA MULTIMÍDIA, MAS O CONCEITO LÁ ESTAVA: UMA ARTE CÊNICA QUE MISTURAVA E FUNDIA TEATRO, MÚSICA, DANÇA E CINEMA. GERALDO SARNO HAVIA REGRESSADO DE SEU CURSO DE CINEMA EM CUBA, TROUXE DOCUMENTÁRIOS DO CINEMA REVOLUCIONÁRIO CUBANO E FOMOS ENCARREGADOS, ELE E EU, DE REALIZAR A PARTE CINEMATOGRÁFICA DO ESPETÁCULO. FIZEMOS UM DOCUMENTÁRIO SOBRE AS LIGAS CAMPONESAS DA BAHIA, COM ÊNFASE NO LÍDER FILIPÃO, UM PERSONAGEM FASCINANTE, NEGRO, MUITO ALTO, CARISMÁTICO. HÁ UM MOMENTO EM QUE FILIPÃO LEVANTA SUA ESPINGARDA DE CAÇAR PASSARINHOS DIANTE DA CÂMERA, COMO UM GUERREIRO, E DESDENHA DA ERUDIÇÃO POLÍTICA DA EQUIPE, DIZ QUE COMUNISMO NEM MENOS COMUNISMO, A REVOLUÇÃO SOU EU. NOS METEMOS PELO SERTÃO BAIANO COM O FOTÓGRAFO WALDEMAR LIMA, EM UMA EXPERIÊNCIA QUE ESTÁ NA RAIZ DA OBRA CINEDOCUMENTAL QUE GERALDO IRIA DESENVOLVER NOS ANOS SEGUINTES E TAMBÉM NA DOS FILMES QUE REALIZEI NOS ANOS 1970.
ALÉM DO DOCUMENTÁRIO COM MEIA HORA DE DURAÇÃO, QUE ABRIA O ESPETÁCULO, TAMBÉM FIZEMOS CENAS DOCUMENTAIS E FICCIONAIS, SOLTAS, PARA A COMPOSIÇÃO MULTIMÍDIA. POR EXEMPLO: EM DETERMINADO MOMENTO, NA TELA DE CINEMA SOBRE O PALCO, UM PISTOLEIRO DISPARA UM TIRO E UM ATOR NO PALCO, UM CAMPONÊS, É ATINGIDO. O CONTRASTE ENTRE A IMAGEM GIGANTE DO PISTOLEIRO NA TELA E A PEQUENEZ DO CAMPONÊS SOZINHO NO PALCO ERA FORTE. QUEM FAZIA O PISTOLEIRO LÁ NA TELA ERA EU, UM DETALHE QUE TERÁ IMPORTÂNCIA NO DESENROLAR DOS FATOS. UMA CURIOSIDADE TÉCNICA: COMO TÍNHAMOS POUCO TEMPO PARA ENTREGAR A ENCOMENDA AO CHICO DE ASSIS (NO CPC TUDO ERA FEITO COM MUITA RAPIDEZ) E ACONSELHADOS POR ROBERTO PIRES, FILMAMOS EM PELÍCULA REVERSÍVEL, QUE GRAVA DIRETAMENTE EM POSITIVO (NÃO PASSA PELO NEGATIVO E É UMA CÓPIA SÓ). SOB A ORIENTAÇÃO DE ROBERTO REVELAMOS O FILME LÁ MESMO EM SALVADOR, OUTRA PROEZA TECNOLÓGICA NA PROVÍNCIA. DEPOIS, COM CALMA, PODERÍAMOS FAZER UM CONTRATIPO, UM NEGATIVO, PARA PERENIZAR A OBRA. REBELIÃO EM NOVO SOL FOI O ESPETÁCULO DE MAIOR PÚBLICO E DE MAIOR IMPACTO NOS DOIS ANOS E MEIO DE EXISTÊNCIA DO CPC DA BAHIA. GLAUBER FICOU TÃO TOCADO COM O DOCUMENTÁRIO QUE ABRIA O ESPETÁCULO QUE DIRIA SOBRE ELE, TEMPOS DEPOIS, EM SEU LIVRO REVOLUÇÃO DO CINEMA NOVO: MONTADO EM ESTILO EISENSTENIANO-VERTOVIANO, O FILME INFLUENCIARIA A EPICIDADE DE DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. (P.122-123)
(…) “EM UM DOS INTERROGATÓRIOS O TENENTE EXIBIU NA PAREDE A CENA DE REBELIÃO EM NOVO SOL EM QUE EU ATIRAVA COM UM RIFLE, COMO PROVA IRREFUTÁVEL DA MINHA ATIVIDADE SUBVERSIVA. EM SEGUIDA TIROU DO PROJETOR A CÓPIA ÚNICA DO DOCUMENTÁRIO QUE EU FIZERA COM GERALDO SARNO E COMEÇOU A DESTRUIR O FILME, PARTIA A PELÍCULA E JOGAVA OS PEDAÇOS NO LIXO, O QUE NÓS ESTAMOS FAZENDO É JOGAR SEUS FILMES E VOCÊS TODOS NO LIXO DA HISTÓRIA E DEPOIS VAMOS JOGAR O LIXO NO INCINERADOR. EU DISSE QUE ELE ESTAVA DESTRUINDO UMA OBRA DE ARTE E ISSO ERA CRIME, QUE ELE ESTAVA COMETENDO UM CRIME. O TENENTE FICOU VERMELHO DE RAIVA, DESFEZ O ROLO DO FILME, PARTIU-O EM GRANDES PEDAÇOS E JOGOU TUDO NO LIXO ENQUANTO GRITAVA QUE O CRIMINOSO ERA EU, QUE TINHA TENTADO VENDER A PÁTRIA AOS SOVIÉTICOS, QUE RECEBIA DINHEIRO DE MOSCOU PARA SUBVERTER A ORDEM E ENGANAR O POVO. EU INSISTI: DESTRUIR LIVROS, PINTURAS E FILMES É CRIME CONTRA A HUMANIDADE E A INTELIGÊNCIA. ELE FICOU CALADO UM TEMPO, ME FIXANDO, CONTROLANDO-SE, E ME MANDOU SAIR. EU TINHA PERDIDO UM PEDAÇO DE MIM, DOÍA MUITO, REBELIÃO EM NOVO SOL NÃO EXISTIA MAIS.” (P.129-130)
(ORLANDO SENNA EM: ORLANDO SENNA: O HOMEM DA MONTANHAS – HERMES LEAL) ACESSAR
FONTES: CINEMATECA BRASILEIRA; FILMOGRAFIA BAIANA
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